sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Poeta


(dream)

Qualquer coisa de obscuro permanece
No centro do meu ser. Se me conheço,
É até onde, por fim mal, tropeço
No que de mim em mim de si se esquece.

Aranha absurda que uma teia tece
Feita de solidão e de começo
Fruste, meu ser anónimo confesso
Próprio e em mim mesmo a externa treva desce.

Mas, vinda dos vestígios da distância
Ninguém trouxe ao meu pálio por ter gente
Sob ele, um rasgo de saudade ou ânsia.

Remiu-se o pecador impenitente
À sombra e cisma. Teve a eterna infância,
Em que comigo forma um mesmo ente.

                     Fernando Pessoa

Para o  £ou¢o Ðe £Î§ßoa

4 comentários:

Alex 9:11 da manhã  

Lindo! É uma dedicatória merecida, ele é um Poeta verdadeiro.

£ou¢o Ðe £Î§ßoa 12:54 da tarde  

Piedade... nesse instante lembraste-te do Louco. Tiveste que ser empurrada, mas pronto, a escolha do grande e eterno Pessoa tudo faz esquecer.

"Se me conheço, é até onde, por fim mal, tropeço no que de mim em mim de si se esquece."
Ai, ai...


Envio-te um beijo e um sorriso rasgado.

Filoxera 10:34 da tarde  

Muito bem!
E gerou um sorriso rasgado, que é o melhor que se pode obter :-)

Braulio Pereira 10:51 da manhã  

olÁ pi

doce manha rasgou

a minha alma


obrigado bom doming.


beijo!!

  © Distributed by Blogger Templates. Blogger templates Newspaper III by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP